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domingo, 5 de novembro de 2017

NO AEROPORTO

No aeroporto

E agora cá estou
Pensar é um imperativo 
(pelo menos, para mim)
Tem gente (e como eu as admiro) 
que consegue ir indo na vida,
Deixando rolar
Querendo entender só na hora do acontecido (e olhe lá)...

Eu e meu zodíaco que me dicotomiza
Ora vou como quem navega sem rumo (e sobrevivo)
Ora sou a cigana oblíquia dissimulada ansiosa por vaticinar o futuro
Também me travisto da terapeuta (ou seria da Sherlock Holmes?) 
e fico buscando as pistas da vida 
para afirmar com exatidão tanto o que já está dado quanto o porvir.

Vivo e vivi tanta coisa nesse tempo que acaba de fechar a porta
Que agora me obrigo a pensar:
O que eu vou fazer com tudo isso que ora trago na mala?
Amor, sonho, encontro, perdição, sorte
Nó na gargata, amizade, risos intermináveis...
Não vai ser mesmo fácil desarrumar essa mala
Até porque nesse movimento o pior é saber onde encaixarei o que sairá da mala.
Nunca sei se escondo, se escancaro, se uso logo, se desprezo.
Pior... Me programo para usar o que acabarei desprezando
Me organizo para desprezar o que certamente vestirei até ficar roto de tão gasto

Mais do que o que está na mala,
Trago em mim um universo inteiro 
e a lágrima queima na garganta
Trago e uma fumaça sai lentamente pelo nariz e pela boca 
Ela se dissipa pelo meu corpo, minha alma, meu sexo
É uma fumaça lenta
Que evoca o fogo que mora em mim
Fogo e ar. Combinação explosiva
O ar não apaga o fogo.
Pelo contrário, o alimenta.

Respiro, me controlo, faço agenda e diário
Vou pra terapeuta
Tento racionalizar
Mas eu sei (como eu sei) que eu sou dessas...
Sou dessas que sofrem, anseiam, planejam
Mas permitem que a vida flua
Sou dessas que pensam por A e por B, que se obrigam cautela
Mas que na hora H fazem o que o corpo, a alma, a emoção ordenam.
Considero melhor assim para a saúde física e para evitar enlouquecimentos.

Estratégias não há...
Como sobreviver para a eternidade assim
Sem ter lido, resenhado e aplicado a Arte da guerra?
Como sobreviver desprezando o sobreviver e acreditando que tem todo direito a viver com plenitude?
Como sobreviver a mim mesma sem saber como lidar com aquilo que carrego na mala?
Vim com apenas dez quilos. 
Agora volto com uma tonelada.

Antecipo. É de lei!
Só o tempo vai dizer que caminho trilharei
O que quer que aconteça
Agradeço o que coube na mala
Era o que precisava vir.
Ela não me pesa. 
Era mesmo o cabível que ali entrou
Nada que precisava estar ali foi excluído.
Sou eu inteira quem está na mala
Portanto, parece robusta e forte, mas...
Cuidado. Frágil!

Mais um percurso e eu descubro
Quais os cantos acomodarão tudo o que está na mala
Pressa não há, nem nada
Vejo apenas a mim mesma
Arriando as malas em casa
E abrindo-a...
Mistério!





ps: sorry, nunca sei fazer poemas!