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segunda-feira, 2 de abril de 2012

CONFIDÊNCIA IGUALZINHA AS OUTRAS

Há alguns anos, vivi no Loteamento Jardim Belo Horizonte
Mas, não! Não nasci naquelas bandas
Por isso, sou diáfana, mistura de amor e ironia,
Um mosaico de pensamentos, comportamentos.
Tal quais as tardes verdes, vermelhas e amarelas, de céu de azul intenso.
Sou ar, água e folha
Ar, água e folha por todos os cantos da casa e da cidade
Ar, água e folha impregnados na alma, na pele e nos olhos de ver o mundo
E esse intermédio entre o que na vida pode ser água de enchente e de banho.

Essa vontade de bailar sobre a vida e acreditar no impossível
Vem da casa da minha memória
De suas noites mornas de verão em que a família se reunia embaixo da mangueira
Desligava a televisão, para resolver todos os problemas do mundo e contar passados em Histórias de verdade e ficção!

E esse hábito de estar sempre junto com gentes daqui e dali
Pra comemorar, preparar ceias (natalinas ou da paixão); vem de lá
Da casa da minha memória...

De lá trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
Frutas tropicais em compotas, sucos e polpas para durar até a próxima estação
Móveis de ferro, coité, piscina que foi rio, casa de boneca que virou lavanderia
Animais de estimação: cachorro, periquito, preá, rolinha, cágado, carneiro
E este orgulho, esta voz na garganta, este brilho no olhar.
Sem qualquer tristeza, não sou o poeta.

Tive mangas, araçás, canas-de-açúcar, jamelões
Poucos cajus, bem verdade. Mas em nenhum lugar, mais belos e tão grandes
Hoje também sou funcionária pública
Num país onde a educação ainda é caos, promessa política e esperança.


A casa desapareceu. Desmaterializou-se...
Mas na memória ainda estão quentes as lembranças
Ainda consigo entrar lá, abrir a porta e sentir seus cheiros tão peculiares
Sequer havia fotografia...
Só há lembranças da Casa da Minha Memória.

MANIA DE EXPLICAÇÃO: vivi 20 anos de minha vida numa casa que há quatro anos foi completamente destruída. E dela que falo neste poema, inpirada (ou espelhada) nas Confidências do Itabirano Drummond.

Um comentário:

  1. Ai que saudaaade... Outro dia passei lá e vi só o terreno vazio, daí lembrei dos meus 15 anos surpresa com sobremesa de cocada no copinho de café e da formatura de Takeo... muitas lembranças :)) bjs

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