Postagens populares

sexta-feira, 20 de maio de 2011

ASSUNTO PROIBIDO

Religião virou assunto proibido. Geralmente quem se interessa a falar sobre a questão revela posturas intolerantes e preconceituosas, até porque sempre estão implicadas com alguma religião específica. De um lado, lembro-me quantos e-mails e scraps recebi na campanha de Dilma, de evangélicos dizendo que a mulher tinha parte com o demo. Atualmente, tenho recebido dos mesmos evangélicos homéricas moções de repúdio em torno da última conquista da sociedade brasileira – a união estável entre casais do mesmo sexo. De outro lado, ao ser madrinha de um casamento evangélico de uma amiga, meus outros amigos não-evangélicos me assustaram dizendo que iam gritar no meu ouvido, bater na minha cabeça e me obrigar a ser obreira. Parece engraçado, mas não é!
Isso para mim talvez se agrave mais, porque atualmente vivo entre duas divergências. Em um lugar por que transito se você não é do axé nem coloca despacho em encruzilhada, você é praticamente um ser desprezível. Em outro local por onde também transito qualquer pirimrimpompom é coisa do Demo. E ai, entre os (neo)pentencostais de carteirinha que pagam dízimo, andam com a Bíblia debaixo do braço, recitam capítulo, versículo e os que professam as religiões de matriz africana que sabem de um tudo sobre história do Brasil e da África, Direito, Antropologia, Sociologia, estou eu cheia de crenças, apesar de descrente e ressabiada com tudo. O pior é que de um lado ou de outro, parece que todos viram a luz. Menos eu!!!
E este cenário nefasto não se assemelha nem de longe a uma das minhas mais belas memórias de infância. De família catolícissima (meu pai é ministro da eucaristia e da palavra e minha mãe é ministra da eucaristia), morei por muito tempo num sítio com muitas árvores, cheias de flores e frutas. No loteamento, onde vivíamos havia três Terreiros de Candomblés. E lembro-me de em tempos de festa do povo de santo, muitos pais, mães e filhos do axé, circulando no meu quintal para pegar folhas, frutas e flores. Jamais ouvi de qualquer parente meu um comentário de segregação, maldade ou preconceito. Jamais.
Hoje parece que vivemos numa era em que todas as verdades são ditas acirradamente. E de todas os lados prega-se um respeito, uma tolerância que ninguém cumpre de verdade. Ou pelos menos exigem que apenas os outros cumpram. Mas pêra lá. Não sou ateia. Deus me livre! Sou agnóstica, mas ateia não. Nem pensar!Não tenho religião, mas tenho uma enorme religiosidade.Ah, e sou cristã! Ave Maria, Jesus!!! Misericórdia!!! Jesus é tudo e Santo Antônio é a quem eu recorro quando eu preciso que o “fraco torne-se forte; o doente torne-se são”.

Nunca confiei naquela máxima que religião, política e futebol são assuntos proibidos. Dizer o que penso com segurança e incisivamente, não é nem de longe uma tentativa de convencer o outro a pensar como eu. É apenas, ao meu ver, uma necessidade humana de aproximação. Conhecer as razões, loucuras, crenças do outro é uma oportunidade de me reconhecer ou desconhecer no outro. É um intenso exercício de auto-conhecimento. Por isso, queria muito parir num mundo onde as pessoas fossem o que são e nós gostassemos de sabê-las do jeitinho que elas são e quiçá que nós admirássemos a imensa diferença entre elas e nós.

Um comentário:

  1. A intolerância é uma praga que tem destruído o ser humano.
    A fé deveria juntar as pessoas e não separar...
    De uma coisa estou convencida, o ser humano é tolo, mesmo na busca de acertar nós erramos!

    ResponderExcluir